O Consumo de Energia, Subsídios e Eficiência Energética no Saneamento

Não existe vida sem água. Ao longo de toda história da humanidade, a instalação de civilizações sempre foi realizada em locais com água disponível. Não é à toa que as principais cidades do mundo sejam em torno de grandes rios.

Porém, a logística da água sempre foi um desafio. Ao passo que tornou-se necessária a interiorização dos povos, esse desafio ficou ainda mais evidente. No próprio Império Romano, se tem notícia que o primeiro aqueduto chamado “Água Ápia” foi construído em 312 a.C. e no Império Egípcio registra-se a existência de uma rede de canais que levava água do Rio Nilo até o Lago Moeris por volta de 2.100 a.C.

Aquedutos Romanos – Fonte: Wikimedia Commons

A junção mais intensa da Água com Energia aconteceu na medida que surgiram os primeiros motores a vapor e, posteriormente, motores elétricos. Esses motores passaram a permitir a transferência de água de grandes rios para áreas urbanas e rurais. Mais a frente, à medida que foram evoluindo os cuidados sanitários, passaram a haver dois desafios: não só o abastecimento, mas também o saneamento básico.

Em resultado desta evolução, pode-se dizer que hoje em dia, devido a vasta quantidade de motobombas elétricas e também sopradores de ar, a energia elétrica é o principal custo recorrente em empresas de Abastecimento e Saneamento, após os gastos com pessoal.

Considerando os resultados de 2020 das principais e empresas brasileiras desse setor de Água e Saneamento, em média o gasto com energia elétrica representou 20% dos custos da operação.

Além disso, até 2018, as tarifas de energia elétrica para empresas de Água e Saneamento possuíam um desconto de 15% em relação as Tarifas de Energia Elétrica (TE) e Tarifas de Distribuição (TUSD) dos demais consumidores. Com a publicação do Decreto 9.642/2018, foi prevista a redução gradativa desse subsídio no valor de 20% a cada ano, a partir de 2019. O valor destes subsídios pode ser conferido no gráfico abaixo:

Neste contexto, considerando os investimentos esperados para ocorrer no setor em virtude do Marco Legal do Saneamento, Lei 14.026/2020, previstos entre R$ 500 bilhões a R$ 700 bilhões até 2033, torna-se cada vez mais importante a preocupação com a eficiência energética nessas empresas.

O primeiro passo para isso é o diagnóstico da eficiência e condições operacionais das unidades motobomba e sopradores de ar utilizados no processo. Com este diagnóstico, torna-se possível a avaliação sobre investimentos em substituição por equipamentos mais modernos e econômicos. Junto a isso, soluções de engenharia podem otimizar o consumo de energia elétrica através de novas concepções de redes hidráulicas que podem, até mesmo, aproveitar quedas d`água para a geração própria de energia elétrica.

Aliado a isso, de acordo com o Instituto Trata Brasil (2020), a perda física média distribuição de água no Brasil é de 39%, enquanto países desenvolvidos possuem índices abaixo de 20%. Essa perda não é somente de recursos hídricos, mas também de toda a energia que foi empregada na sua captação, tratamento e transporte.

Dessa forma, com investimentos e privatizações, as seguintes frentes podem trazer uma maior eficiência energética para o setor:

• Avaliação e substituição de Equipamentos ineficientes;
• Novas concepções de Redes Hidráulicas;
• Aproveitar Quedas d’água para geração de energia;
• Redução de Perdas de água na distribuição.

Por fim, com a redução dos subsídios da tarifa de energia elétrica deste setor nos próximos anos, os investimentos que talvez fossem articialmente não atrativos poderão passar a sê-lo. A água é um bem do país e a eciência em energia e água deve ser encarada como um compromisso com a sociedade.

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